A pandemia provocou um impacto profundo na Fesporte. O lado ruim é a paralisação das competições, porém, a necessidade de replanejamento do calendário da entidade máxima do esporte catarinense pode servir como um “divisor de águas”.
O presidente da Fesporte, Ruy Godinho, falou ao Jornal da Diplomata na manhã desta sexta-feira, 24, sobre o quadro emergencial para “salvar o esporte catarinense” – como disse Godinho. São diferentes pontos decisões, além da causa maior que é a luta contra a Covid-19, devido ao decreto estadual que suspende competições esportivas até o final do mês de maio.
Em termos de recomeço, a Fesporte planeja sua retomada a partir de julho.
“A Fesporte não é mais apenas uma realizadora de eventos, mas uma fomentadora do esporte”, é uma das frases em que Ruy demonstra seu campo de visão para mudanças.
Enquanto isso, a paralisação causa um grave problema no esporte: a queda vertiginosa do suporte econômico que movimenta atletas, técnicos, profissionais de atividades físicas, projetos sociais, secretarias e fundações municipais, associações, centros de treinamentos e uma gama de atividades fins que subsidiam a ampla engrenagem, que traz impacto direto no tecido social do segmento e suas áreas correspondentes, desde o comércio de produtos até o treinamento diário dos atletas.
De acordo com Ruy, a Fesporte está sendo decisiva neste momento, em socorro ao esporte catarinense.
“Começou a movimentação de alguns municípios a não pagar programas Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, já tem locais inadimplentes – sabemos da crise financeira pela baixa arrecadação”, explicou.
“Era mais fácil para mim cancelar o calendário e fazer ano que vem, mas não esse pessoal ficaria sem receber, iriam abandonar o esporte e os nossos futuros atletas, chegando ao fim do esporte catarinense pois não teria todo o valor necessário; vamos fazer sim dentro das nossas possibilidades”, destacou Ruy.
A mudança para essa guinada é drástica e busca otimização de espaços e tempo. Diminuição no número de classificados, sistemas de mata-mata (encurtamento das fases) e não utilizar escolas como alojamentos. Conforme Ruy, o enxugamento do calendário virá com uma economia aos cofres do estado, em torno de 50% – diminuindo milhões investidos.
No ano passado, usamos 12 milhões de reais para realizar nossos eventos. Neste ano será abaixo de 6 milhões. Será uma redução de mais de 50%. E os municípios também poderão reduzir seus custos em torno de 30% a 50%”, analisou.
Para os municípios, o momento é também de inovações, avaliou Godinho.
“Penso que as fundações e secretarias tem que se reinventar em possibilidade, para atender esse novo cenário, a Fesporte é parceira, estamos trazendo algumas responsabilidades que são dos municípios, mas peço que analisem o próprio cenário para se tornarem mais eficientes com menos recursos – pensar fora da caixa”, comentou.
Para Rui Godinho, a pandemia provocará um novo conceito para o esporte, porém, muitos setores ainda se encontram em modelos antigos que agora passam a ficar “obsoletos” (referência usada por Ruy) frente às mudanças que estão por vir.
“É uma dificuldade muito grande pois se faz como há 60 anos é da mesma forma e quando falo em inovações há uma resistência sim; nós não vamos perder o que conquistamos e digo que estamos nos reinventando. Essa pandemia veio para mostrar essa virada, é difícil para algumas pessoas aceitarem, porém será necessário encarar uma nova forma de fazer esporte ”, frisou Ruy.
Entre as últimas decisões, a Fesporte não colocará as modalidades ingressantes nas respectivas competições: Jiu-Jitsu nos Joguinhos e o taekwondo e o badminton na OLESC. A entrevista completa será destaque no Esporte Amador.