A deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, protocolou na segunda-feira, 29 de abril uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A ação se baseia em alegações de fraude na assinatura do ex-presidente da entidade, Coronel Nunes, no acordo homologado em fevereiro deste ano, que validou a eleição de Rodrigues.
A parlamentar, ex-ministra do Turismo, fundamenta seu pedido em um laudo pericial anexado à petição, que aponta a falsificação da assinatura de Coronel Nunes no acordo homologado pelo STF. Nunes, que foi vice-presidente de Ednaldo Rodrigues, é um dos signatários do acordo que legitimou a eleição de Rodrigues para o cargo.
O laudo, assinado por Jacqueline Tirotti, especialista em perícias judiciais, conclui que a assinatura de Nunes no acordo “não foi realizada de forma livre e consciente”, levantando dúvidas sobre a autenticidade do documento. A petição também inclui um laudo médico que atesta que Nunes, à época da assinatura, não possuía condições físicas e cognitivas para consentir com qualquer acordo.
O ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF, analisará o pedido de Daniela do Waguinho e os documentos anexados à petição. A CBF, por sua vez, informou que não se manifestará sobre o caso no momento.
Contexto Jurídico e Político
A disputa pela presidência da CBF se arrasta por um longo processo de questionamentos legais. Em 2022, a eleição de Ednaldo Rodrigues foi alvo de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Rio de Janeiro, devido a alterações no estatuto da CBF consideradas prejudiciais aos clubes de futebol. Embora o acordo tenha sido homologado pelo STF em fevereiro deste ano, o processo não se encerrou sem controvérsias.
Em 24 de março de 2024, Ednaldo Rodrigues foi reeleito por aclamação para o mandato de 2026 a 2030. No entanto, o pedido de revisão do acordo, feito por Daniela Carneiro, surge em meio a alegações de fraude. A petição não apenas solicita o afastamento de Rodrigues, mas também a revisão do pacto homologado, com base em “fatos novos e de extrema relevância”.
O julgamento do caso no STF está agendado para o próximo dia 28 de maio e pode ter sérias implicações para a presidência da CBF, afetando a estabilidade da gestão de Ednaldo Rodrigues e o futuro da entidade, especialmente em um momento em que o futebol brasileiro enfrenta um impasse na contratação de um novo técnico para a seleção nacional, após a demissão de Dorival Júnior em março.
Impacto nas Eleições da CBF
O pedido de Daniela Carneiro pode gerar um impacto significativo nas eleições dentro da CBF e na liderança da entidade, já que a legitimidade do processo eleitoral de Ednaldo Rodrigues está sendo questionada judicialmente. A ausência de um técnico para a seleção brasileira, enquanto a crise se desenrola nos bastidores da CBF, adiciona complexidade ao cenário, prejudicando ainda mais a imagem da gestão de Rodrigues.
A CBF, por ora, não se manifestou sobre as acusações, mas a disputa política e as investigações em curso podem provocar uma reviravolta nas próximas semanas. O STF, com o julgamento marcado para o final de maio, será o palco definitivo para a definição dos próximos passos da presidência da entidade.
