Em uma tarde marcada pela emoção e pela história, o empresário Luciano Hang, proprietário da Havan, abriu as portas da icônica Casa do Cônsul Carlos Renaux para a imprensa nesta quarta-feira, 28 de maio. O imóvel, adquirido recentemente pelo grupo, será o centro de um ambicioso projeto de restauração e preservação, transformando-se em um parque histórico aberto ao público.
Por décadas, a Casa do Cônsul foi um símbolo do poder econômico e da influência da família Renaux na história de Brusque. Construída em 1932 por Carlos Renaux após seu retorno da Alemanha, a residência se mantém preservada, com elementos originais que impressionam pela conservação e relevância histórica.

Hang compartilhou não apenas os planos arquitetônicos para o local, mas também reflexões pessoais sobre a importância histórica e afetiva do imóvel. “Essa casa, historicamente, é nacional, porque é uma referência hoje no Brasil. É a história viva de Brusque. Para qualquer lado que você olhe, há a mão do cônsul: hospital, campos de futebol, avenidas, fábricas”, comentou o empresário.
A intenção é preservar a estrutura original da residência, que se mantém praticamente intacta mesmo após quase um século. “A gente volta no tempo. A casa está inteira por dentro e por fora. Foi preservada durante quase cem anos. Agora vamos fazer a manutenção dos jardins e da estrutura, para que o espaço esteja pronto para receber visitantes”, afirmou Hang.

Um Olhar Detalhado: Inovação e Memória
A propriedade, localizada em uma área arborizada com mais de 50 mil metros quadrados, conta com trilhas, caminhos e uma vista privilegiada. Será adaptada para receber visitantes, respeitando suas características originais, como a mobília antiga, os lustres, os vitrais e até o sistema de ventilação com ar-condicionado antigo. Entre as inovações da época, destaca-se um dos primeiros sistemas de climatização do sul do Brasil, onde a ventilação saía pelos lustres de cada quarto, através de uma tubulação interna conectada a um sensor que regulava a temperatura desejada.
No entorno da casa, o mausoléu onde a esposa do cônsul foi sepultada e o local onde os cães da família, trazidos da Alemanha, também foram enterrados, adicionam camadas de história ao local. O jardim, considerado à época o mais bonito de Santa Catarina, era mantido por oito jardineiros e será parte integrante do projeto de restauração.

Um Legado Pessoal e Comunitário
Luciano Hang também relembrou sua forte ligação pessoal com a história da família Renaux, que ecoa na memória de muitos brusquenses. “Quando nós trabalhávamos na Renaux, toda a família tinha alguém lá. Ou era na indústria, ou na fiação, na loja. Tinha até um tipo de supermercado. Trabalhou meu avô, meus pais, e eu também trabalhei. Era um poder muito grande. Era um coração pulsante, com as caldeiras funcionando, os teares batendo, até nos feriados”, contou Hang, visivelmente emocionado.
“Jamais imaginei que um dia ela iria sucumbir economicamente. Mas fico feliz porque estamos resgatando essa história e deixando um legado para Brusque e para as próximas gerações”, complementou. Desde 2017, quando adquiriu as instalações da antiga fábrica de tecidos Renaux, a Havan tem investido na preservação da memória local.
Acessibilidade e Futuro para Brusque
O projeto inclui a criação de trilhas ao redor do imóvel, que deverão ser abertas ao público em um parque histórico, onde as pessoas poderão caminhar, apreciar a paisagem e conhecer mais sobre o legado deixado por Carlos Renaux. “As pessoas estão muito ansiosas para saber como é a casa por dentro. É um lugar cheio de histórias e memórias. Queremos liberar isso aqui para que todos possam andar, passear, mostrar para os mais novos como era a nossa cidade, de onde saímos e onde estamos chegando”, destacou Hang.
Apesar da grandiosidade do projeto, Hang afirmou que o investimento tem uma motivação sentimental, não econômica. “Esse projeto é um presente para Brusque. É um valor emocional, de resgate, de respeito com quem construiu essa cidade. Eu fico muito feliz por poder participar disso”, finalizou.
O projeto de restauração deverá ser iniciado em breve, com etapas focadas na segurança, limpeza e adaptação dos acessos para o público. Questionado sobre a possibilidade de cobrança para visitação, Luciano explicou que, caso haja, será um valor simbólico, destinado à manutenção da equipe responsável por garantir a segurança e a conservação do local. A iniciativa promete ser um novo marco cultural para Brusque, reafirmando a importância da preservação do patrimônio histórico para as futuras gerações.








