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sexta-feira, novembro 21, 2025
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Caso de racismo na Ressacada gera investigações, demissão e notas de repúdio

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Um episódio de racismo e xenofobia registrado durante a partida entre Avaí x Remo, no último sábado,15 de novembro, na Ressacada, em Florianópolis, gerou forte repercussão e mobilização de órgãos públicos, clubes envolvidos e da empresa onde trabalha a torcedora identificada nas imagens.

O vídeo, divulgado inicialmente pelo portal Cidade 091, mostra uma torcedora do Avaí dirigindo ofensas racistas e xenofóbicas aos torcedores do Remo. Em meio às agressões, também é possível ouvir outro homem fazendo comentários depreciativos e preconceituosos.

Entre as frases captadas no vídeo, estão:
“Olha tua cor. Olha, pobre aqui não fica”, “Vieram montados de jegue de lá pra cá?”, “Gastou o salário para vir… agora vai embora a pé”, “O prefeito não quer, aqui em Floripa”, entre outras ofensas.

Defesa da torcedora divulga nota e pede desculpas

Após a repercussão, a advogada Nathália Poeta, representante da torcedora Ana Costa Milena Schwtzer, divulgou uma nota pública afirmando que a gravação “não retrata quem a torcedora é, nem seu comportamento habitual”.
Segundo a defesa, Ana teria sido alvo de agressões verbais momentos antes e que o vídeo representa “um recorte isolado e incompleto da situação”.

A defesa alega ainda que a torcedora “não possui qualquer tipo de preconceito” e encerra a nota com um pedido de desculpas.

Nota da defesa de Ana Costa

“O registro divulgado não retrata quem a torcedora é, nem seu comportamento habitual.
Diversos conflitos paralelos alteraram o estado emocional da envolvida.
A torcedora foi alvo de agressões verbais momentos antes, não exibidas nas gravações.
Não houve intenção de ofender a torcida do Remo ou os paraenses.
A torcedora pede desculpas a todos que se sentiram atingidos.”

Investigações e medidas legais

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou, de ofício, um procedimento investigatório na 40ª Promotoria de Justiça da Capital, responsável pelo enfrentamento ao racismo no Estado.

Segundo o promotor Jádel da Silva Júnior, será apurado um possível crime de racismo decorrente de xenofobia, além de serem verificadas as medidas adotadas pelo Avaí e recomendações preventivas.

O crime de racismo, incluindo xenofobia, é inafiançável, imprescritível e prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa.

Nota do Avaí Futebol Clube

“O Avaí Futebol Clube reitera seu repúdio total à conduta racista e xenófoba manifestada por uma torcedora durante a partida contra o Remo.
Assim que tomou conhecimento do caso, o clube iniciou o processo de identificação da torcedora, cujo acesso aos eventos do Avaí está suspenso por tempo indeterminado.
O clube colabora integralmente com as autoridades.”

Nota do Clube do Remo

“O Clube do Remo repudia o episódio de xenofobia e injúria racial sofrido por torcedores azulinos.
Trata-se de uma clara manifestação de racismo e intolerância, que não pode ficar impune.
O Remo não tolera qualquer forma de discriminação e exige punição aos envolvidos.”

Polícia Civil também investiga

A Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância (DRRDI), confirmou que investigará a conduta da torcedora e de outros envolvidos.

Nota da Polícia Civil

“A torcedora pode responder pelos crimes de racismo e xenofobia previstos na Lei 7.716/1989, com pena de 2 a 5 anos de reclusão.
Outros torcedores que participaram das hostilidades também serão investigados.”

Grupo Orbenk demite torcedora após repercussão

A empresa Grupo Orbenk, onde Ana Costa trabalhava, confirmou o desligamento da colaboradora após analisar o caso.

A empresa afirmou que não compactua com atos de racismo e xenofobia e que o comportamento é incompatível com seus valores.

Comunicado oficial da empresa

“O Grupo Orbenk informa que concluiu o processo interno de apuração referente ao episódio ocorrido no último final de semana, durante o jogo entre Avaí e Remo, envolvendo manifestações de teor racista e xenofóbico atribuídas a uma colaboradora da empresa.
Após análise rigorosa, conduzida conforme nosso Código de Ética e Conduta e a legislação vigente, a Orbenk adotou todas as medidas cabíveis, incluindo o desligamento da colaboradora.
Mantemos uma política inegociável de tolerância zero ao racismo, à xenofobia e a qualquer forma de violência ou discriminação.
Seguiremos firmes na defesa dos direitos humanos e na construção de uma sociedade mais justa e respeitosa.”

Ministério Público cobra informações adicionais

O MPSC informou que oficiou a Polícia Militar e o Avaí em busca de esclarecimentos adicionais, já que não houve registro do protocolo antirracista da FIFA na súmula da partida.

Entenda o caso

Durante Avaí x Remo, pela 37ª rodada da Série B, torcedores do Avaí foram flagrados ofendendo torcedores paraenses com ataques raciais e xenofóbicos.

As imagens mostram expressões como:
“Olha tua cor”, “Pobre aqui não fica”, “Vieram montados de jegue?”, “Gastou o salário pra vir?”, entre outras.

O episódio rapidamente viralizou e gerou reações de órgãos públicos, entidades do futebol, clubes e da sociedade civil.

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