Brusque, Santa Catarina – Cerca de 500 pessoas prestigiaram o almoço festivo que marcou os 70 anos de fundação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque neste sábado, 12 de julho. O evento, realizado na sede da entidade, reuniu autoridades, diretores, colaboradores, voluntários, usuários e seus familiares, celebrando sete décadas de dedicação à inclusão e dignidade das pessoas com deficiência.
A Apae de Brusque, reconhecida como a primeira Apae fundada em Santa Catarina e a segunda no Brasil, comemora esta marca histórica com a sensação de dever cumprido, mas também com a preocupação em relação à sustentabilidade dos serviços prestados.
“Somos a primeira Apae fundada em Santa Catarina e a segunda no Brasil. Por isso, celebrar 70 anos representa uma vitória construída por muitas mãos, são centenas de pessoas que ajudaram a construir este patrimônio. É gratificante chegar a esta marca com o sentimento de dever cumprido e com a consciência de que estamos, dia após dia, oferecendo alento e dignidade às pessoas com deficiência”, afirmou Renato Roda, presidente da entidade.

Apesar da festividade, Roda aproveitou a ocasião para reforçar um alerta sobre os cortes de recursos repassados pelo governo estadual, uma questão que afeta as mais de 200 Apaes de Santa Catarina. “Mais do que comemorar, atravessamos um tempo de atenção e de luta. Então, reforçamos publicamente uma preocupação séria: os cortes de recursos repassados por parte do governo estadual. Isso aflige as mais de 200 Apaes de Santa Catarina. Não podemos aceitar retrocessos. Quando falta dinheiro, falta tudo”, lamentou o presidente.
Segundo Roda, a educação especial no estado não possui um orçamento próprio, dependendo da aprovação de projetos e convênios, o que gera incerteza quanto à continuidade dos serviços. “Isso não pode continuar. Precisamos transformar o orçamento da educação especial em lei, garantindo estabilidade e segurança para o trabalho que realizamos. Só assim vamos evitar sobressaltos como esse que estamos enfrentando agora”, reforçou.
O evento contou com a presença de figuras importantes para a história da Apae de Brusque. A vice-presidente da Apae de Brusque, Maria Teresa Moritz Montibeller, e seu irmão, Pierre, filhos dos fundadores Ruth e Dr. Carlos Moritz, expressaram o significado da instituição. “A Apae é uma semente que foi plantada com amor e que continua florescendo até hoje. Seja no passado, no presente e até no futuro, ela reúne pessoas do bem, dispostas a somar. É voluntariado de coração”, descreveu Maria Teresa.
Vicente Caropreso, presidente da Comissão do Direito das Pessoas com Deficiência da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, definiu a história da Apae de Brusque como uma verdadeira revolução. “Antigamente, muitas famílias enfrentavam dificuldades para sair com seus filhos com deficiência. As APAEs vieram justamente para transformar esse cenário, rompendo com padrões antigos e promovendo, cada vez mais, a inclusão, a socialização, o acesso ao emprego e à independência dessas pessoas. O Dr. Carlos Moritz abriu caminhos, lutou por direitos e plantou a base do que hoje é um modelo de referência para o Brasil inteiro”, ressaltou o deputado.
O vice-prefeito de Brusque, André (Deco) Batisti, enalteceu o trabalho da entidade. “É uma instituição que apoia as famílias nos momentos em que mais precisam. A Apae está presente, acolhe, orienta, estimula e acompanha. Por isso, o sentimento é de orgulho diante de um trabalho tão sério, que já dura 70 anos. É uma trajetória que merece todo o nosso reconhecimento”, expressou.
A autodefensora da Federação das APAEs (Feapaes) de Santa Catarina, Isabelli Macedo, emocionou os convidados ao destacar a importância do movimento apaeano. “É fundamental lembrar que toda essa estrutura existe por causa dos usuários. Eles são a razão de ser da Apae e a verdadeira motivação de tudo. Eu me incluo nesse grupo, pois também sou uma pessoa com deficiência. Por isso, estar aqui é uma alegria e um orgulho muito grande”, comentou Isabelli.

Osmar Minatto, presidente da Feapaes, enfatizou a importância de manter viva a história e o legado da instituição. “A Apae de Brusque é uma entidade majestosa, que presta um trabalho grandioso à comunidade. O que sempre buscamos é levar qualidade de vida às pessoas com deficiência e a suas famílias. Isso é o que nos move e motiva a continuar esse legado de amor e dedicação”, reforçou. A vice-presidente da Feapaes, Janice Krasniak, complementou, afirmando que “É um trabalho de acolhimento verdadeiro, onde os alunos se sentem aconchegados, cercados por pessoas que realmente fazem a diferença. É por isso que a APAE de Brusque tem esse lugar de destaque e tanto respeito na comunidade.”
Representando o governador Jorginho Mello, a diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Fernanda Martello Hermes, compartilhou a alegria de acompanhar este momento histórico. “O governo do Estado tem muito orgulho da Apae de Brusque e do seu desenvolvimento ao longo dos últimos 70 anos. É uma satisfação estar na cidade e participar deste ato especial.”
A celebração dos 70 anos da Apae de Brusque foi um momento de festa e reflexão, reafirmando o compromisso da entidade com a dignidade e inclusão das pessoas com deficiência, ao mesmo tempo em que reitera a necessidade de apoio contínuo e garantias orçamentárias para a educação especial em Santa Catarina.
