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“Desde criança já aplicava golpes nos coleguinhas”, revela maior estelionatária do país após deixar Tremembé

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Dominique Cristina Scharf, considerada a maior estelionatária do país, deixa a prisão após mais de 30 anos. Aos 65 anos, garante estar arrependida e diz que quer recomeçar a vida longe do crime.

Conhecida como a maior estelionatária que o Brasil já teve, Dominique Cristina Scharf, de 65 anos, deixou recentemente o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, após mais de três décadas encarcerada. Em entrevista exclusiva, ela contou detalhes sobre sua trajetória no crime, a vida atrás das grades e os planos para o futuro.

Dominique afirma que não pretende voltar a cometer delitos, embora admita que, em algumas situações do dia a dia, ainda sente tentação. “Agora só quero viver o que me resta em liberdade, cercada pela família”, afirma.

Durante os mais de 30 anos em Tremembé, ela diz ter aprendido a lidar com a solidão, a disciplina rígida e a se diferenciar das presas que cometeram crimes violentos. Hoje, em liberdade, conta que tem encontrado satisfação em uma rotina simples, cuidando da casa e do quintal.

Recentemente, Dominique mandou derrubar uma araucária que crescia ao lado de sua residência — árvore típica do Sul e símbolo ameaçado de extinção. A decisão, segundo ela, foi por segurança: “A copa pesada ameaçava cair sobre o telhado, e agora quero preservar a estabilidade que tanto busquei”.

Vida no crime

Dominique conta que começou cedo no mundo do crime:

“Na adolescência já cometia pequenos furtos. Desde criança aplicava golpes nos coleguinhas, furtava lanches e comia sem pagar. Depois vieram os primeiros estelionatos em hotéis, restaurantes e apartamentos.”

Nos anos 1980, ela se hospedava em hotéis de luxo e saía sem pagar, além de furtar objetos dos hóspedes. “Conseguia a chave mestra e entrava nos quartos. Em restaurantes caros, inventava desculpas para não quitar a conta.”

Mesmo tendo estudado em escolas particulares e vindo de uma família estruturada, diz que o crime começou por diversão.

“Era a adrenalina que me movia. Gostava do risco e até de ser presa, porque logo era solta. Meu cúmplice era filho de um delegado.”

Com o tempo, afirma que a atividade deixou de ser brincadeira e virou profissão.

Golpes, crimes e condenações

Além dos estelionatos, Dominique também se envolveu com crimes mais pesados, como assaltos à mão armada, receptação, clonagem de veículos e venda de joias falsas.

Ela foi condenada por tentativa de homicídio, após atirar contra um comerciante que a perseguiu nas ruas da Avenida Paulista, em São Paulo, ao perceber um golpe.

“Nunca matei ninguém. Atirei, mas não acertei. Não conseguiria conviver com o peso de tirar a vida de alguém.”

Dominique também ficou conhecida por aplicar “golpes do amor”, nos quais se envolvia com homens casados e exigia dinheiro para não expor fotos íntimas.

Fugas e recaptura

Em uma das fugas mais conhecidas, em Ribeirão Preto, ela escalou uma muralha de seis metros, usando a treliça de uma horta e um pé de maracujá como apoio.

“Caí do outro lado, quebrei a perna, mas fugi. Fiquei foragida por dois anos, até ser recapturada em uma blitz.”

Desde então, permaneceu presa em Tremembé até sua recente libertação.

Convivência em Tremembé

Dominique lembra que, no início, se sentia deslocada entre as demais presas, muitas delas condenadas por homicídio.

“Parecia um ET. Fiz amizade com Elize Matsunaga e aprendi que nem todas as assassinas são iguais. Isso me ajudou a conviver sem confundir nossas histórias.”

Novo começo

Agora, ela garante que quer apenas viver em paz, próxima dos netos e da família.

“Não volto mais ao crime. Às vezes vejo gente distraída com bens à mostra e penso: ‘Ah, se fosse no meu tempo’. Mas fica só no pensamento. Sei o preço que paguei e tenho sede de liberdade.”

Foto: reprodução redes sociais
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