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Reunião do Comitê das Águas da Facisc é presidida em Brusque

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Com palestra internacional, encontro discutiu ações para a prevenção de desastres naturais em Santa Catarina

Na tarde de quarta-feira, 22 de maio, foi realizada mais uma reunião do Comitê das Águas da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). A empresária Rita Cassia Conti, que é vice-presidente da Facisc e da Associação Empresarial de Brusque, Guabiruba e Botuverá (ACIBr), presidiu o encontro on-line, que reuniu representantes do Vale do Itajaí, Alto Vale do Itajaí e do Sul do estado, além da Defesa Civil de Santa Catarina, para discutir questões relacionadas à prevenção de desastres naturais.

“O Comitê das Águas foi criado há seis meses dentro da Facisc porque precisamos de uma política pública de entendimento sobre esses eventos climáticos que estão acontecendo no mundo e, principalmente aqui”, destacou Rita, que é a presidente do Comitê.

Antes, o grupo reunia somente representantes do Vale e Alto Vale do Itajaí, mas foi expandido para outras regiões do estado. “Está entrando agora o Sul e o extremo Sul de Santa Catarina, regiões importantes que também são afetadas pelas cheias. E vamos integrar também o Oeste, que sofre com a questão da seca”, explicou.

De forma presencial na sede da ACIBr, além de Rita, participaram o coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugiki e o engenheiro agrônomo especialista em Recursos Hídricos, Carlos Rockenbach.

Durante a reunião, foi repassado um panorama da situação das cidades de Rio do Sul, Blumenau e Brusque após as chuvas do fim de semana. Também foram abordadas a questão das barragens, principalmente a falta de manutenção das estruturas de Ituporanga e José Boiteux e a importância da construção da barragem de Botuverá.

“A barragem de Botuverá é muito importante, porque mesmo com eventos maiores, ela vai amenizar, fazer com que se ganhe tempo. O canal extravasor sozinho não dá conta, é apenas uma das medidas estruturais somadas à barragem, que está pronta para ser feita”, destacou o engenheiro Carlos Rockenbach.

Jean Sandro, vice-presidente regional da Facisc no Alto Vale, chamou a atenção para os problemas na barragem de Ituporanga. “Estamos há muito tempo cobrando ações do governo. Das cinco comportas, três não funcionam. Devido a esses problemas, tivemos mais uma enchente que poderia ser evitada se a barragem estivesse operando 100%”.

Representando Blumenau, Leila Piske Franke destacou a situação da barragem de José Boiteux e a relação com o povo indígena. Ela informou que no dia 26 de junho vai acontecer uma audiência com o propósito de entendimento entre as partes. “O objetivo é que nessa audiência se crie um cronograma com as ações necessárias, prazos e que o Comitê das Águas tenha esse controle para cobrar de cada autoridade responsável”.

A engenheira da Defesa Civil de Santa Catarina, Ana Colombo, garantiu que a manutenção das barragens é uma prioridade do governo do Estado, mas que o trabalho é bastante complexo e exige condições ideais para ser executado. “A prioridade é conseguir restabelecer no menor prazo possível. Acreditamos que no segundo semestre teremos, pela primeira vez em muitos anos, uma questão de normalidade na barragem de Ituporanga”.

Presente no encontro, o responsável pela Coordenadoria de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Santa Catarina, Frederico Rudorff, que estará representando o secretário da pasta,  Coronel BM Fabiano de Souza, junto ao grupo, enalteceu a importância do diálogo e da parceria com o Comitê nas Águas.

A reunião contou também com a participação da arquiteta, professora e pesquisadora, Taneha Kuzniecow Bacchin, brasileira que vive na Holanda há 14 anos, onde atua na área de desenho urbano e ambiental. Ela ainda integra o projeto do Hidroanel, em São Paulo, junto com a Universidade de São Paulo (USP).

Taneha apresentou as soluções adotadas pela Holanda ao longo dos anos, com o objetivo de evitar os transtornos causados pelas águas, já que o país tem dois terços do território abaixo do nível do mar. “A Holanda tem uma constante relação com a água. Eles entenderam como a costa e os rios são desenhados e como manter um sistema de proteção de enchentes e inundações”.

A profissional explicou que o país sofreu bastante com enchentes em 1993 e 1995, o que levou o governo a buscar uma mudança de paradigma. “Eles perceberam que seria impossível manter apenas o sistema de diques, então desenvolveram dois novos modelos de engenharia ambiental”.

Um deles é chamado de ‘motor areia’ que, segundo a pesquisadora, é uma medida simples, mas eficaz, construída junto com a natureza. “Foi colocado de forma perpendicular à linha da praia, uma linha de areia, que com o vento e as correntes, foi redistribuída. A cada dia essa área tem um desenho diferente, porque se constrói com a natureza”, explicou.

A outra medida adotada pelos holandeses foi criar espaços para o rio, com obras de dragagem, aberturas de leitos, desapropriações de terra, aberturas de canais laterais, entre outras. “Esse projeto contempla 34 medidas muito eficazes. Na simplicidade, eles conseguiram entender que a água ocupa espaço e é necessário dar esse espaço de forma segura”.

A pesquisadora destacou ainda que a população do país é treinada e sabe como proceder em casos de desastres naturais. Segundo ela, toda primeira segunda-feira do mês, os alarmes do sistema de prevenção são acionados por cinco minutos. “Os moradores sabem quais as infraestruturas críticas, os pontos emergenciais de refúgio. Existe essa programação e essa consciência. Temos um sistema de aviso pelo telefone e todas as crianças são obrigadas a ter um diploma de natação. Elas aprendem a nadar com roupa, casaco e sapato, para casos de emergência. Isso faz parte da vida cotidiana do país”.

A vice-presidente da Facisc destacou que os assuntos abordados pela pesquisadora na palestra poderão contribuir nas ações do Comitê das Águas. “Foi muito importante para entender o que podemos fazer e quais ações podem ser planejadas para o futuro”.

O coordenador da Defesa Civil de Brusque ressaltou a importância de a sociedade civil organizada se envolver nas ações de prevenção aos desastres climáticos, por meio do Comitê das Águas. “Essa é uma luta de todos: do poder público, da classe empresarial e de toda a sociedade”.

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