Ele não poderá acessar redes sociais e também terá acesso proibido a outros investigados como o próprio filho
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira, 18 de julho, que cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços a ele relacionados. Bolsonaro foi conduzido à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para a instalação de uma tornozeleira eletrônica.
Medidas Cautelares Impostas Pelo STF
A decisão judicial que resultou na operação impõe uma série de medidas cautelares ao ex-presidente. Além do uso da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro está proibido de utilizar redes sociais e de se comunicar com outros réus ou com embaixadores e diplomatas estrangeiros. Ele também deverá permanecer em sua residência entre 19h e 7h e não poderá se ausentar da comarca do Distrito Federal. Vale lembrar que o passaporte de Bolsonaro já havia sido apreendido em fevereiro de 2024.
A deflagração da operação foi informada em uma nota curta divulgada pela PF, que detalhou o cumprimento de “dois mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em cumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da PET n.º 14129”.
Reação da Defesa e Aliados
A defesa do ex-presidente manifestou “surpresa e indignação” com a aplicação das medidas cautelares. Em nota, afirmou que Bolsonaro “sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário” e que a defesa se manifestará “oportunamente, após conhecer a decisão judicial”.
O Partido Liberal (PL) também divulgou nota, assinada pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, expressando “estranheza e repúdio” à operação. O partido reforçou que Jair Bolsonaro “sempre esteve à disposição das autoridades”. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL), líder do partido na Câmara, lamentou a decisão em postagem nas redes sociais.
Filhos de Bolsonaro Reagem nas Redes Sociais
A imposição das medidas cautelares provocou forte reação dos filhos de Bolsonaro nas redes sociais, especialmente porque a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proíbe o contato do ex-presidente com outros investigados, incluindo os próprios filhos, Carlos e Eduardo Bolsonaro, e o proíbe de se aproximar de embaixadas ou diplomatas estrangeiros.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a decisão como um ato de “ódio” e “humilhação proposital”, afirmando que a medida deixa “cicatrizes na alma” da família, mas reforça a motivação para lutar por um “Brasil livre de déspotas”. Flávio também apontou a coincidência da data com o Mandela Day, sugerindo um simbolismo de resistência. “Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes”, escreveu.
Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) optou por criticar a decisão em inglês, buscando um público internacional. Em uma postagem no X (antigo Twitter), ele listou as restrições impostas ao pai, incluindo o uso da tornozeleira eletrônica, o toque de recolher, a proibição de uso de redes sociais e de contato com embaixadores, diplomatas e outros investigados “incluindo eu e meu irmão Carlos”.
Eduardo também compartilhou uma publicação da juíza brasileira exilada nos Estados Unidos, Ludmila Lins Grilo, que criticou o ministro Alexandre de Moraes e previu que ele poderia ser alvo de sanções com base na Lei Magnitsky. Grilo sugeriu que as medidas seriam uma resposta ao vídeo publicado por Bolsonaro na véspera, em que agradece o apoio do ex-presidente Donald Trump.
As manifestações ocorrem no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento em cadeia nacional, criticando o que chamou de “chantagem” do governo dos EUA e afirmando que ninguém está acima da lei no Brasil.
